ROTTING CHRIST (Grécia)
“Aealo” – CD Reissue 2020
Cold Art Industry – Nacional
8,5/10
Nada
como a perspectiva do tempo para desmontar visões errôneas sobre determinados
trabalhos musicais. Durante anos eu virei as costas ao trabalho feito pelo
Rotting Christ após o mediano “A Dead Poem”. Até ouvia os álbuns, mas não
conseguir encontrar ali elementos que me fizessem gostar daqueles materiais.
Atualmente tenho baixado a guarda e voltado a ouvir velhos álbuns que não me
agradavam. Alguns simplesmente continuam sendo tão dispensáveis quanto foram da
primeira vez que ouvi, outros já conseguem soar de forma diferente. Os vários
álbuns do Rotting Christ se encaixam nessa segunda categoria. Quando recebi
esse álbum resolvi ouvi-lo com atenção e sem preconceitos e realmente me
deparei com um excelente álbum. Obviamente que não se compara às fases mais
clássicas da banda, mas isso não diminui sua qualidade pois aqui está um outro
Rotting Christ, mais maduro e com músicas que mesclam de forma sólida a melodia
que sempre foi uma característica da banda com mais peso e diversas
experimentações vocais. Isso transparece
fortemente nas pesadas e climáticas “Eon Aenaos” e “Δαίμονων βρωσης”, essa
segunda trazendo na cara a sonoridade do Rotting Christ. “Dub-saĝ-ta-ke” é uma
música que tem o feeling grego e isso está nos instrumentos diferentes e na
velocidade em algumas partes. Uma música que soa diferente da pegada da banda,
mas que é muito boa é a forte “...Pir Threontai”. O trabalho melódico dessa
música é muito bom. “Thou Art Lord” mantém essa qualidade técnica e melódica e
oferece um plus com os vocais que narram a letra, criando um resultado
grandioso antes de seguirem o rumo mais extremo. A velocidade reaparece com “Santa Muerte” e o
velho espírito do Rotting Christ também. O álbum fecha com um improvável cover
da música americana, filha de pais gregos Diamanda Galás. A música escolhida
foi “Orders from the Dead”. A instrumentista é conhecida por sua música
experimental e avant-garde e a versão executada pelo Rotting Christ traz uma
interpretação mais ritualística, mas ainda assim não tão distante, para uma
música que é quase um monólogo intimista e caótico. A própria vocalista
participa do cover e traz sua interpretação para essa releitura. Não é necessário salientar a qualidade da
produção desse álbum. A versão nacional é perfeita, traz um pôster , vem com um
sleap case e a parte gráfica é feita em papel especial envernizado, algo que já
se tornou um padrão para a Cold Art Industry, que é um selo que vem investindo
muito em seus lançamentos.
Fábio Brayner
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